O Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano – IberBLH, tem como objetivo a ampliação do conhecimento e desenvolvimento tecnológico na área do aleitamento materno e dos Bancos de Leite Humano (BLH). Estes Bancos atuam de maneira fundamental para as políticas de redução da mortalidade neonatal, sendo decisivos para o incentivo e valorização do aleitamento materno. Atualmente, o IberBLH se caracteriza como importante aliado das políticas públicas de saúde na região de América Latina, Caribe Hispânico e Península Ibérica[1].
O aleitamento materno é tido como um dos principais recursos na redução da mortalidade infantil e na melhoria da situação nutricional infantil. O modelo brasileiro de Bancos de Leite Humano (BLH) ganhou destaque ao atravessar fronteiras, alcançando tanto os países regionais, como a península Ibérica, bem como africanos de língua portuguesa, abrangendo vinte e três países de três continentes. Os BLH representam relevante estratégia da política governamental para a segurança alimentar e nutricional no período neonatal, objetivando a redução da morbidade e mortalidade infantil. Portanto, os BLH são de alta relevância na assistência à saúde materno-infantil brasileira.
O aleitamento materno é tido como um dos principais recursos na redução da mortalidade infantil e na melhoria da situação nutricional
No Brasil, institui-se a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano – (rBLH-BR) em 1998, sendo composta por 215 Bancos de Leite Humano atualmente e 140 Postos de Coleta espalhados por todo país, representando maior rede do mundo de Leite Humano. Somente em 2013, esta rede pode alimentar 177.103 recém-nascidos internados em unidades de terapia intensiva/semi-intensiva neonatais, com 174.016,9 litros de leite, a partir da doação de 159.219 mulheres as quais de maneira altruísta e voluntária, doaram seus excedentes de leite materno. Tais números denotam a importante contribuição que a rBLH-BR exerce para a saúde pública brasileira.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a ação como uma das mais exitosas para redução da mortalidade infantil nos anos 1990. Com isso, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) incentivou a cooperação entre os países de América Latina para implantação de BLH pelos demais países da região. Em 2003, foram instituídos compromissos e diretrizes para internacionalização desta iniciativa, conformando a Rede Latino-americana de Bancos de Leite Humano em 2005 – envolvendo os seguintes órgãos brasileiros: tanto o Ministério das Relações Exteriores (MRE) pela Agência Brasileira de Cooperação – (ABC), o Ministério da Saúde (Assessoria Internacional – AISA e Área Técnica da Saúde da Criança e Aleitamento Materno) e a Fiocruz.
A criação da Rede Latino-americana de Bancos de Leite Humano consiste em uma ação estratégica de enfrentamento os altos índices de mortalidade e morbidade infantil da região, através da troca de experiências e técnicas nesta área. Como desdobramento desta Rede, em 2007, foi apresentado pelo Brasil o Projeto “Apoio Técnico para Implantação da Rede Iberoamericana de Bancos de Leite Humano” à Secretaria Geral Ibero-Americana – SEGIB, no intuito de estabelecer cooperação multilateral em BLH entre estas regiões. Assim, durante a XVII Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo no Chile, foi estabelecido o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano – IberBLH, com objetivo de implantar no mínimo um BLH em cada país da Iberoamérica.
A criação da Bancos de Leite Humano consiste em uma ação estratégica através da troca de experiências e técnicas
Em relação aos resultados da rBLH-BR, foram criados cinquenta e nove Bancos de Leite Humano na região de Ibero-américa e África, coletando somente no ano de 2013, 188.648 litros de leite humano, os quais alimentaram e nutriram 242.498 crianças internadas em terapia intensiva/semi-intensiva neonatais. Participaram desta campanha doando o excedente de leite, 246.772 mães[2].
Ainda em 2004, foi implementado o modelo brasileiro na Espanha, no Hospital 12 de Octubre, resultando em maior vínculo colaborativo entre Espanha e Brasil. Uma série de instituições espanholas passaram a reconhecer a notoriedade do trabalho da rBLH-BR, como a Associação Espanhola de Pediatria, o Serviço de Saúde de Madrid e o Comitê da Iniciativa para a Humanização da Assistência ao Nascimento e ao Aleitamento Materno Espanhol. Este processo de “colaboração” evoluiu para a “fase de cooperação” no marco do Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano – IberBLH,em 2007. Esta experiência de colaboração bem-sucedida entre Brasil e Espanha foi decisiva para a conformação do IberBLH.
A relevância deste projeto de cooperação do IberBLH comprovada tanto pelos números, como pela rápida ampliação desta rede, condizem com os resultados alcançados e com as avaliações positivas oriundas das Instituições Internacionais, como a OMS e a OPS. Estas organizações avaliaram a cooperação internacional em Banco de Leite Humano, uma das iniciativas que mais fomentou o desenvolvimento humano no hemisfério sul e uma das mais exitosas na cooperação Ibero-americana.
[1] Rabuffetti, A. G. (2014). Cooperação técnica internacional em bancos de leite humano: um estudo da horizontalidade nos projetos bilaterais (Doctoral dissertation, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca).
[2] Rabuffetti, A. G. (2014). Cooperação técnica internacional em bancos de leite humano: um estudo da horizontalidade nos projetos bilaterais (Doctoral dissertation, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca).