“Vigilantes do Ar” é um projeto cidadão da Espanha que demonstra como, através de uma metodologia inovadora, pode se dar a conhecer a Ciência Cidadã de uma maneira participativa, exitosa e, ao mesmo tempo, vistosa.
Graças à participação dos cientistas cidadãos, são utilizados pés de morango como estações de monitorização da contaminação ambiental por metais.
O projeto está liderado pela Fundação Ibercivis e o Instituto Pirenaico de Ecologia, e é cofinanciado pela Fundação Espanhola de Ciência e Tecnologia, dependente do Ministério de Ciência e Inovação do Governo da Espanha.
Uma das grandes características desta iniciativa é que permite a participação de uma diversidade de pessoas usualmente afastadas da ciência convencional, dotando ao projeto do carácter inclusivo da Ciência Cidadã.
Queremos propor uma alternativa mais aberta, inclusiva e humana, apoiando-nos em processos tradicionais como regar uma planta, podá-la ou mandar uma carta por correio
Estudos prévios demonstraram que a concentração de metais nas plantas se correlaciona fortemente com o volume do trânsito, a presença de trens e bondes, e a distância a polígonos industriais com fontes de emissões.
Aplicando técnicas magnéticas, podemos identificar a quantidade de metais acumulados nas folhas destas plantas, estimando então, a qualidade do ar de seu entorno.
Em que consiste
O formato é atraente (leve para casa um vaso de pé de morango e colabore com a ciência, basta cuidar da planta); simples (colocá-la em uma sacada ou terraço e enviar um par de folhinhas no envelope franqueado que é entregue junto à planta), e de grande alcance (válido para todas as idades, sem um conhecimento prévio, independentemente de onde viver, não só participando através das plantas que forem repartidas, senão também com as próprias plantas de sua horta).
Em outubro de 2019 foram repartidos morangos desde a Fundação Ibercivis a seis regiões espanholas: Burgos, Cambre (Galiza), Granada, Barcelona, Vitória e Aragão. Graças a entidades colaboradoras, respectivamente: Escritório Verde da Universidade de Burgos, IES David Buján em Cambre, Fundação Descubre, Ideas For Change, Centro de Estudos Avançados e Ibercivis.
No centro, colocamos as plantas como seres vivos que todos podemos cuidar e manter
Foi em fevereiro de 2020 quando os cidadãos enviaram uma amostra de duas folhinhas de seu pé de morango, além de um formulário contando dados de localização da planta. As mencionadas amostras foram analisadas pelos companheiros do Instituto Pirenaico de Ecologia e o relatório resultante está aberto ao público.
Além disso, conta-se com mapas interativos para conhecer a qualidade do ar em qualquer dos pontos da geografia espanhola
A edição atual convocou embaixadores, ou seja, entidades, prefeituras, comunidades de vizinhos e colégios, entre outros, que desejassem se responsabilizar em receber e repartir 300 plantas. A convocatória foi ampla e foram eleitos 17 que podem ser consultados na web do programa.
Antecedentes
Na Espanha, a qualidade do ar já se mede em estações tanto profissionais como amadoras. Normalmente são utilizadas tecnologias avançadas em dispositivos eletrônicos e sensores automáticos, ou inclusive aplicações em telefones inteligentes.
Queremos propor uma alternativa mais aberta, inclusiva e humana, apoiando-nos em processos tradicionais como regar uma planta, podá-la ou mandar uma carta por correio.
Graças ao elevado número de plantas distribuídas, 5.000 em novembro de 2019 e novamente 5.000 na primeira semana de outubro de 2020, poderão ser melhorados e realizados novos mapas detalhados em 2 e 3 dimensões (ao longo de uma rua e a diferentes alturas dos edifícios), desenvolvendo métodos estatísticos e de modelagem, para estimar a concentração de contaminantes em ambientes urbanos e correlacioná-los com fatores como o trânsito, os aquecedores ou a distância de áreas industriais.
No centro, colocamos as plantas como seres vivos que todos podemos cuidar e manter.
“Vigilantes do Ar” surgiu como continuação do projeto de Ciência Cidadã Vigilantes del Cierzo, realizado em Saragoça, que à sua vez está baseado no projeto Airbezen da Universidade de Amberes (Bélgica).
Nesta edição, os morangos estão nas sacadas e janelas dos participantes desde a primeira quinzena de outubro até finais de dezembro de 2020, para voltar a contar com um relatório de resultados em junho do ano que vem.