Os efeitos da COVID-19 continuam impactando nossa cotidianidade.
Vejamos nossas conclusões acerca das lições aprendidas perante a COVID-19:
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É necessária uma autoridade sanitária de alta capacidade técnica e alta legitimidade.
As debilidades da autoridade sanitária no exercício da função de reitoria do sistema de saúde limitam as intervenções contra a pandemia.
É requerida uma maior qualificação do pessoal profissional da autoridade sanitária, tanto a nível central como territorial, para poder liderar o processo baseado em evidência e na análise das intervenções.
Também poderia ser conveniente melhorar os programas de formação e garantir a estabilidade deste pessoal.
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Quanto maior é a desigualdade social, mais difícil resulta a gestão das intervenções.
Quanto maior for a inclusão social, maior é a viabilidade das intervenções. Por exemplo, quando se propõe que fiquem em casa “descobre-se” que mais da metade da população não tem como cumprir com isso.
A análise das desigualdades e o desenvolvimento de um enfoque de equidade nas intervenções deveriam ser as ações a ter presentes.
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Na gestão das intervenções perante a pandemia e ameaças similares, o enfoque clínico não deve substituir o enfoque epidemiológico.
O paradigma, ainda dominante em saúde, se caracteriza por uma visão centrada na cura da enfermidade, sobre a base de um modelo biológico.
No manejo da pandemia, a presença do enfoque clínico, maior dificuldade para compreender o comportamento dos casos.
Por exemplo, o registro dos casos por data em que se confirmaram -sem importar quando iniciaram as manifestações-, a necessidade de confirmação objetiva do caso e a informação sobre os eventos em valores absolutos ou mediante prevalência acumulada em lugar de empregar taxas não favorecem o acionamento contra estes tipos de problemas.
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Quanto maior for a participação privada, mais complexo é o cenário e mais difícil sua gestão.
Os países com melhores conquistas, em sua maioria possuem sistemas públicos robustos de amplo aceso e cobertura. A presença privada incorpora outros interesses e, em muitas ocasiões, de alta pressão social e política.
O norte a seguir deve ser o desenvolvimento de um sistema público de atenção em saúde, a partir de redes de serviços de saúde (por serviços ou por processos), sobre a base da “Atenção Primária de Saúde” (APS).
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Sem a participação da população, o impacto das intervenções perde potencialidades.
Limitar ou impedir a participação das pessoas e suas organizações dificulta os trabalhos e inclusive pode impedi-los.
A intenção seria favorecer o empoderamento da população e desenvolver condutas saudáveis.
Para isso, deve-se melhorar e voltar a focar o investimento, tanto em saúde como em educação.
[box] Todas estas experiências partilhadas formam parte do ciclo de webinars “Aprendendo lições sobre a COVID-19 na Ibero-América” organizado pela Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB) em coordenação com a Escola Andaluza de Saúde Pública, o Instituto de Saúde Carlos III e a Secretaria Técnica da Rede Ibero-americana Ministerial de Aprendizado e Pesquisa em Saúde (RIMAIS)[/box]