A crise sanitária atual pôs em manifesto as limitações dos sistemas de saúde, de cuidados e de proteção social na região ibero-americana e em outras zonas do mundo, especialmente no que diz respeito aos idosos e, dentro deste grupo, os que se encontram em situação de dependência.
O “Programa Ibero-americano de Cooperação sobre a Situação dos Idosos na Região”, no qual participam Argentina, Brasil, Chile, Espanha, México, Uruguai, Paraguai e República Dominicana, dedicou seus esforços a reforçar a proteção dos idosos neste contexto.
Lições de países
Perante isto, a cooperação ibero-americana é uma ferramenta de especial utilidade para facilitar o intercâmbio de experiências e boas práticas entre as instituições responsáveis destas políticas nos diversos países.
Por isso, através de um seminário em linha, os países compartilharam as medidas adotadas durante a pandemia. Toda a informação é recolhida na web do programa: ibero-americamaiores.org.
Entre as medidas aplicadas se destaca, na Argentina, a adoção de protocolos de atuação nas residências de longa estadia dependentes da Direção Nacional de Políticas para Idosos e a conformação de um Comitê de Emergência (COVID-19).
Também foi lançado o programa “Residências cuidadas”, impulsionado pelo Instituto Nacional de Serviços Sociais para Aposentados e Pensionistas (PAMI), que inclui prestações médicas e psicossociais.
No Chile, o Serviço Nacional do Idoso (SENAMA) implementou Residências Espelho Transitórias (RET) para idosos. Além disso, difundiu protocolos de atuação nos estabelecimentos de longa estadia (ELEAM) e entregou insumos para a proteção de primeira necessidade.
No México, o Instituto de Segurança e Serviços Sociais dos Trabalhadores do Estado (ISSSTE) pôs em funcionamento o “Programa de Acompanhamento Gerontológico Telefônico”, que brinda orientação preventiva contra o Coronavírus, assim como monitoramento de riscos e de depressão.
No Uruguai, as pessoas trabalhadoras de mais de 65 anos podem aceder a um seguro por enfermidade e foi prorrogado o vencimento dos empréstimos sociais a pensionistas.
No Paraguai, o Instituto de Previsão Social (IPS) reforçou o sistema de atenção sanitária e entrega equipamentos de proteção individual frente à pandemia.
Finalmente, na República Dominicana o Conselho Nacional da Pessoa que Envelhece (CONAPE) implementou protocolos de atuação nas residências de idosos e facilitou material de proteção.
Grupo de risco
A evidência demonstra que este grupo se viu afetado, desproporcionalmente, pela pandemia da COVID-19, segundo dados dos Centros para o Controle e a Prevenção de Enfermidades (CDC), e as taxas de mortalidade da COVID-19 aumentam exponencialmente nos idosos de 70 anos, como indica a Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia (SEGG).
A isto se somam as dificuldades econômicas, territoriais e de disponibilidade que os idosos encontram no acesso a serviços de saúde e a equipamentos de proteção individual frente ao vírus.
35,4% de idosos na região continuam ativos depois dos 60 anos, em ocasiões na informalidade, pelo quê, estão sofrendo com especial dureza os efeitos econômicos do confinamento.
Antes da pandemia, a Organização Pan-americana da Saúde (OPS) indicava que 30% da população das Américas não tinha acesso a serviços de saúde por razões econômicas.
Além disso, 35,4% de idosos na região continuam ativos depois dos 60 anos, em ocasiões na informalidade, pelo quê, estão sofrendo com especial dureza os efeitos econômicos do confinamento, segundo uma publicação da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
Ainda que haja desafios pendentes, os esforços que os países ibero-americanos realizaram durante 2020 foram importantes para melhorar a proteção das idosos frente à pandemia, ao mesmo tempo que estas medidas também serviram para fortalecer os sistemas sanitários e de proteção social que permanecerão após a crise.