Tradicionalmente, os homens ocuparam os espaços associados à guerra e ao conflito; no entanto, a realidade e conjuntura internacional nos demonstra que as mulheres sofrem as consequências destes acontecimentos; de tal forma que, para pensar na construção de uma cultura de paz e na solução de conflitos, as mulheres são fundamentais.
No contexto atual internacional é urgente propiciar diálogos e processos de construção de paz desde as perspectivas de gênero, direitos humanos, interseccionais e com pertinência cultural; já que não existem respostas únicas a problemas complexos, pelo quê, definitivamente, as soluções devem ser edificadas desde a coletividade e entre todas e todos.
A resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovada no ano 2000, faz reconhecimento histórico dos efeitos negativos e diferenciados que os conflitos armados têm sobre as mulheres, assim como sobre suas contribuições para a manutenção e consolidação da paz, já que tal organismo reconhece que, quando as mulheres intervêm nos processos de paz, a possibilidade de que o acordo dure mais de 15 anos é incrementado em 35%.
Para o Governo da Quarta Transformação da Vida Pública do México liderado pelo presidente, Lic. Andrés Manuel López Obrador, uma das prioridades para alcançar o bem-estar, a paz e a segurança é atender as causas estruturais para não deixar ninguém para trás e nem ninguém fora; é por isso que, implementamos políticas públicas que promovem mudanças estruturais para fomentar uma cultura de paz até estratégias consolidadas nas quais são valorizadas e que empoderam as mulheres como atores cruciais da transformação.
Desde o Instituto Nacional das Mulheres do México (Inmulheres), em colaboração com o Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública, impulsionamos a estratégia Redes de Mulheres Construtoras de Paz, MUCPAZ, com a qual, trabalhamos de maneira colaborativa entre as autoridades locais e as redes de mulheres para que, através de seus conhecimentos, experiências e habilidades propiciem espaços seguros, regenerem o tecido social e construam paz e segurança em suas comunidades.
A quatro anos da implementação da Estratégia MUCPAZ, esta se converteu em um exemplo nacional e regional de trabalho de sucesso, na qual foram criadas, ao redor de mil Redes e participaram mais de 20 mil mulheres que constroem paz e igualdade desde a recuperação dos espaços públicos, o diálogo comunitário, a arte e diversas atividades.
Como parte de nossa Política Exterior Feminista, retomamos o trabalho territorial que realizamos no México, e impulsionamos a criação da Rede Ibero-americana de Mulheres Mediadoras, que foi lançada formalmente em junho de 2023 na sede da Secretaria-Geral Ibero-americana (SEGIB), com a qual promovemos a implementação da agenda de mulheres, paz e segurança entre os países da região e estreitamos laços de colaboração com as outras seis redes regionais que existem sobre o tema.
A Rede Ibero-americana de Mulheres Mediadoras promove a participação de pontos focais, tanto dos Ministérios de Relações Exteriores como dos Mecanismos para o Adiantamento das Mulheres a fim de avançar na participação significativa das mulheres nos processos de paz e na recomposição do tecido social.
Para o México, que atualmente preside a Rede, ser parte desta é uma oportunidade para dotar as mulheres que são parte deste esforço com experiências, conhecimento e habilidades, mas também para replicar os aprendizados a mais mulheres, porque temos certeza de que as mulheres, desde diferentes ocupações e setores, somos construtoras de paz e segurança.
É por isso que, para somar esforços e fortalecer esta rede, convidamos todos os Estados Ibero-americanos a se somarem a esta iniciativa de Mulheres Mediadoras para seguir impulsionando o trabalho colaborativo para o bem-estar de todas as mulheres, sem deixar ninguém para trás, nem ninguém fora.
Pela paz, o bem-estar e a segurança de mulheres, meninas e adolescentes, sigamos trabalhando!