Como se constrói a nova Agenda Meio ambiental Ibero-americana

A Ibero-América pôs em funcionamento uma agenda meio ambiental regional que marca umas linhas comuns para todos os países e reafirma seus compromissos de ação climática. Quais temas inclui e que atores já estão trabalhando nela.

Como se constrói a nova Agenda Meio ambiental Ibero-americana

O mundo em seu conjunto está imerso em um acelerado processo de revisão das políticas e das medidas necessárias para afrontar os desafios da mudança climática e a conservação dos ecossistemas.  

A Ibero-América, uma das regiões com mais biodiversidade do planeta, é crucial para alcançar esses objetivos.  

Por isso, cobra sentido que, após 11 anos, 22 ministros e ministras de Meio Ambiente da Ibero-América tenham conseguido se reunir em meio à crise da COVID-19 para impulsionar juntos uma Agenda Meio ambiental Ibero-americana.  

Fizeram-no em setembro de 2020 na X Conferencia Ibero-americana de Ministras e Ministros de Meio Ambiente, uma reunião preparatória da XXVII Cimeira Ibero-americana  de Chefes de Estado e de Governo que terá lugar em Andorra, a 21 e 22 de abril de 2021.   

“Esta Agenda Meio ambiental Ibero-americana será de utilidade para potenciar a valiosa plataforma das alianças estratégicas para o desenvolvimento sustentável que supõe a cooperação ibero-americana e na qual trabalham, há anos, redes governamentais de enorme experiência e conhecimento”, disse Rebeca Grynspan, secretária-general ibero-americana, durante a inauguração da conferência.   

Trata-se de redes como a Rede Ibero-América de Escritórios de Mudança Climática (RIOCC), a Conferência de Diretores Ibero-americanos da Água (CODIA) e a Conferência de Diretores dos Serviços Meteorológicos e Hidrológicos Ibero-americanos (CIMHET), entre outras, aos quais se somam novos atores como o Observatório Ibero-americano de Mudança climática e Desenvolvimento Sustentável, criado em 2018 em La Rábida (Huelva, Espanha).     

Encontrar soluções inovadoras para a conservação ambiental e a ação climática, uma transição energética justa, a vulnerabilidade social perante a mudança climática, um desenvolvimento sustentável e resiliente, o transporte e a mobilidade, a água, usos dos solos, a gestão de resíduos e a economia circular são alguns dos principais temas que esta agenda ibero-americana inclui.   

“A Agenda Meio ambiental Ibero-americana não busca só evitar os danos. Esta agenda busca também aproveitar as imensas oportunidades que a região possui em matéria de sustentabilidade e em oportunidades de crescimento, inclusão e prosperidade”, disse Grynspan.  

A agenda se iniciou tendo em conta três eixos principais de discussão. 

Um deles é buscar soluções baseadas na natureza, a biodiversidade e a gestão integrada dos serviços ecossistêmicos como resposta perante a multiplicação de riscos.  

Outro, resgatar o valor meio ambiental local perante os desafios globais. Uma mudança de modelo de produção e consumo, promovendo a comunidade e a cultura como incentivos para a sustentabilidade.  

Finalmente, mas não menos importante, promover políticas públicas inovadoras para uma transição ecológica justa.  

A Ibero-América conta com países líderes na transição energética. Segundo o último relatório do Observatório de La Rábida, Costa Rica, Uruguai, Portugal e Espanha são pioneiros em desenvolvimento de renováveis e podem reforçar políticas que assegurem seu papel de liderança.   

Na declaração da reunião ministerial de setembro, os países coincidem em que é necessário integrar a dimensão meio ambiental para a recuperação econômica da crise gerada pela COVID-19. “Devemos aproveitar o contexto atual para estabelecer os fundamentos de um sistema econômico sustentável, inclusivo e sem obstáculos, respeitando o direito ao desenvolvimento dos países e à cooperação internacional”, expõem.  

A declaração será elevada à Cimeira de Chefes de Estado e de Governo de Andorra, cujo lema é “Inovação para o desenvolvimento sustentável – Objetivo 2030. A Ibero-América perante o desafio do Coronavírus”.