Na Ibero-América são faladas umas 500 línguas indígenas, segundo estimações do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e o Caribe (FILAC).
Valorando a diversidade e a riqueza destes idiomas, e perante a ameaça de extinção de alguns deles, a FILAC lançou um programa para revitalizar as línguas indígenas na região, no marco do ano Internacional das Línguas Indígenas celebrado em 2019.
Trata-se de uma série didática na qual especialistas reflexionam sobre distintos aspetos das línguas indígenas, entre eles a particularidade das mesmas, sua transmissão e o risco de desaparecerem.
Cápsulas didáticas
Por exemplo, Fernando Prada, pesquisador do Programa de Educação Intercultural Bilíngue da Bolívia, explica o que –a seu modo de ver– faz falta para revitalizar as línguas indígenas.
Para ele, sem terras não há língua nem cultura: “A recuperação do território é um ponto básico para a revitalização, porque um idioma não vive per se, senão que vive e se revitaliza em sociedade”.
“É nesse território onde são estabelecidas uma serie de relações sociais, produtivas e econômicas que contribuem ao desenvolvimento dos discursos em línguas indígenas e asseguram sua transmissão a novas gerações”, acrescenta.
“As línguas morrem a uma velocidade cada vez mais rápida porque não há uma transmissão intergeracional e porque os falantes deixam de falá-las”
Mariana Arratia
Por sua parte Marina Arratia, vice presidenta do Programa de Educação Intercultural Bilíngue da Bolívia, descreve quais são as diferenças entre a linguística tradicional e a ecolinguística, a qual considera uma interdisciplina mais pertinente no momento de trabalhar com línguas indígenas.
Para Arratia, revitalizar um idioma indígena implica “sair dos marcos tradicionais linguísticos e conetar com a vida cotidiana na comunidade”.
“As línguas morrem a uma velocidade cada vez mais rápida porque não há uma transmissão intergeracional e porque os falantes deixam de falá-las, não porque não se façam mais dicionários ou livros nesses idiomas”, completa.
O material didático pode ser visto no canal do YouTube da FILAC.