Jovens de comunidades originárias se graduam como especialistas

A Universidade Carlos III da Espanha leva adiante um programa educativo para potenciar a liderança das novas gerações de indígenas na Ibero-América.

Jovens de comunidades originárias se graduam como especialistas

Uma nova promoção com 13 jovens de povos originários da América Latina se graduou recentemente com o título de Especialista em Povos Indígenas Direitos Humanos e Cooperação Internacional na Universidade Carlos III de Madri (Espanha).

O programa acadêmico se baseia nas necessidades formativas dos povos indígenas, definidas quando, em 2007, o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e o Caribe (FILAC) criou a Universidade Indígena Intercultural (UII), e em consenso com o Fundo e com o Programa Indígena da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID).

Para César Pais, do povo misquito na Nicarágua, o curso foi uma experiência enriquecedora.

“Tivemos desde eminências da defesa internacional dos direitos indígenas até especialistas na matéria. Foram momentos de muito partilhar, de muito intercâmbio, e cada qual se permitiu avaliar o trabalho que veio fazendo e reivindicar os compromissos que tem com seu povo”, diz.

Ayilén Ancalef, representante dos mapuites no Chile, afirma que partilhar experiências com pessoas de distintos povos originários lhe fez tomar consciência dos valores partilhados.

“Os povos originários temos muitas similitudes culturais em todas partes: tradições, festividades, datas importantes, formas de vida”, expressa.

Enquanto, Carolina Santos, da comunidade mazahua do México, valora o aporte do curso para a liderança em sua comunidade.

“Os mazahuas se encontram em um contexto de muita riqueza cultural, de muito cuidado do meio ambiente. Conservam-se muitos costumes e tradições, e creio que é das regiões do México onde a cultura resiste a deixar de ser o que é”.

Por sua parte Olga Miyingaye, representante do povo panzaleo do Equador, admite que a forma de aprendizado no programa da Universidade Carlos III é diferente daquela que tem lugar em seu país.

“Aqui é mais prático e estou agradecida para com a universidade, para com os mestres e também com a FILAC, que pensou no desenvolvimento de nossos povos”, comenta.

Creio que, graças a estes cursos, nossos líderes estão nos representando em cargos muito importantes. O curso foi excelente e esperamos que os jovens se engajem mais e façamos uma ampla experiência de partilhamento”.

Os estudantes aprofundam em temas como reconhecimento mundial dos direitos dos povos indígenas, cooperação internacional com comunidades originárias, teorias do desenvolvimento e relações Norte-Sul.