As questões de gênero incorporaram-se, faz escassos anos, à avaliação de programas e políticas de desenvolvimento. A evolução da própria disciplina da avaliação, o avanço para um conceito mais multidimensional do desenvolvimento e, com isso, a inclusão dos temas de igualdade de gênero na agenda de cooperação provocaram que todo o trabalho sobre “avaliação e gênero” tenha se impulsionado a partir da década dos noventa, do século XX.
Nesta tese doutoral, analisa-se como foi concebida a igualdade de gênero nas políticas de cooperação internacional para o desenvolvimento e, especificamente, de que modo esta foi incluída como elemento crítico de análise na avaliação da ajuda oficial. Para isso, leva-se a termo uma meta-avaliação das políticas e práticas avaliativas de três cooperações oficiais -a britânica, a sueca e a espanhola- entre os anos 2000 e 2010.
Nestes três casos de estudo analisa-se: 1) a inclusão dos conteúdos de gênero na definição e gestão da avaliação, atendendo o contexto político da avaliação, a existência de procedimentos específicos a respeito e o tipo de avaliações que incluem a perspetiva de gênero; e 2) a incorporação da perspetiva de gênero nos processos avaliativos, indagando na função e finalidade da avaliação, nos critérios, perguntas e indicadores de avaliação, na metodologia, assim como, na difusão e uso dos resultados sobre igualdade de gênero. Através deste exercício de pesquisa, extraem-se conclusões específicas sobre o estado da questão em cada um dos casos de estudo, assim como, reflexões gerais sobre os avanços e desafios existentes em matéria de avaliação e gênero.