Ibermédia e a construção de um espaço audiovisual ibero-americano

Quando alguém pergunta: Para que servem as Cúpulas? Mais de uma vez a resposta é um exemplo e um nome: Ibermédia. Este programa de cooperação ibero-americana faz 23 anos que está construindo uma indústria cinematográfica competitiva que nos representa, nos projeta e nos une.

Ibermédia e a construção de um espaço audiovisual ibero-americano
A Ibermedia permitiu que a Ibero-América contasse as suas histórias num cinema que nos representa, nos projecta e nos reúne.

Viajar sem tomar um avião, sentir-nos em casa ainda que estejamos longe, cheirar e saborear desde a grande tela, escutar diferentes sotaques e canções que são familiares, conhecer nossa história comum e ao mesmo tempo descobrir nossas histórias próprias. Tudo isso é possível graças ao cinema e às séries ibero-americanas, que hoje brilham graças ao apoio do Ibermédia, programa de cooperação criado em 1998 através das Cúpulas Ibero-americanas.

Quando alguém pergunta: Para que servem as Cúpulas? Muitas vezes a resposta é um exemplo que se resume em um nome: Ibermédia. Durante os últimos 23 anos e graças a suas 30 convocatórias de apoios este emblemático programa de cooperação cultural contribuiu a desenvolver uma indústria cinematográfica competitiva, permitindo-nos desfrutar de filmes que explicam a Ibero-América desde nossos rostos, nossos sotaques e nossas vozes.

Nas últimas duas décadas, o Ibermédia ajudou a criar um cinema que nos representa, nos reflete e nos irmana, apoiando cerca de 1.000 coproduções com participação de dois ou mais países da região. Além disso, contribuiu a criar uma institucionalidade e uma reformulação das legislações para favorecer o desenvolvimento cinematográfico e a coprodução entre vários países.

Nestes 23 anos aprendemos a trabalhar e criar cinema juntos, desde o que nos une e, ao mesmo tempo, daquilo que nos faz diferentes

“A Ibero-América conseguiu criar um espaço audiovisual que não é de nenhum país, senão de todos, porque expressa a união de nossos povos a partir de projetos comuns (coproduções) e gera uma identidade desde o que nos une, mas também daquilo que nos faz únicos”, explica Elena Vilardell, secretária técnica do Ibermédia, no qual participam 21 países da Ibero-América.

Já não estamos obrigados a ver unicamente o cinema que vem dos Estados Unidos, da Europa ou do mundo desenvolvido. Hoje podemos nos ver e nos projetar ao mundo desde nossa identidade ibero-americana e desde a nossa própria língua espanhola e portuguesa.

Com o apoio do Ibermédia, países que praticamente não tinham nenhuma produção audiovisual exportável, estreiam filmes e ganham prêmios internacionais como o filme paraguaio “Las Herederas” (Urso de Prata e Prêmio FIPRESCI em Berlim-2015), a chilena “Una Mujer Fantástica”, (Oscar em 2017 e Urso de Prata ao Melhor Roteiro em Berlim-2015) ou a dominicana “Cocote”, melhor filme ibero-americano no Festival de Mar del Plata e Melhor Filme (Signs of Life) no Festival de Locarno 2017.

Cineastas independentes apresentaram projetos que antes não tinham possibilidade de financiar, como a divertida comédia “Algo azul” da diretora panamenha Mariel García Spooner, que acaba de ser estreada no Festival Latino de Los Ángeles.

📽️ VÍDEO- Os filmes mais premiados do Ibermédia:

Potencial económico

Con los aportes de los países iberoamericanos, Ibermedia ha invertido más de 113 millones de dólares en ayudas que han beneficiado a más de 3.200 proyectos audiovisuales de ficción, largometrajes, documentales, animación y más recientemente a series, contribuyendo así al trabajo de 3,120 empresas y más de 10,600 profesionales.

Todo ello se traduce en oportunidades de empleo y emprendimiento para artistas, productores, guionistas, músicos, técnicos, con un efecto multiplicador en las economías de nuestros países. (Ver Ibermedia en Cifras)

Además, ha contribuido directamente a la promoción y distribución de 290 películas y la exhibición de 298 producciones.

📽️ VIDEO: Ibermédia em cifras

O talento de cineastas, criadores, roteiristas e artistas se refletiu em mais de 2.000 filmes ibero-americanos estreados nas últimas duas décadas, com o apoio do Ibermédia.

Uma conquista menos conhecida do Ibermédia é a visibilidade e apoio às cineastas, roteiristas, empresárias e profissionais audiovisuais da Ibero-América, em uma indústria que tradicionalmente havia estado dominada pelos homens.

Desde que o Ibermédia lançou sua primeira convocatória, o número de filmes dirigidos por mulheres esteve crescendo e hoje representa 25% dos projetos apoiados pelo Programa.  Basta ver que hoje, o próprio programa é comandado por cinco mulheres e um homem.

Balão de oxigênio durante a pandemia

Quando a pandemia da COVID golpeia duramente a cultura e, em particular, as salas de cinema, o Ibermédia mantém suas linhas de apoios e projetos de formação para novos cineastas. Além do mais, amplia a convocatória de financiamento à coprodução de séries com uma convocatória lançada em 2020 e 2021.

Em plena pandemia, quando os países fechavam um após o outro, o Ibermédia manteve o apoio financeiro e adiantou os tramos de entrega dos fundos já concedidos para que os cineastas pudessem retomar seus projetos mais rapidamente quando a situação o permitisse, explica Vilardell.

Ao longo dos anos, as bolsas do Ibermédia e seus cursos de desenvolvimento de projetos cinematográficos foi uma sementeira para o intercâmbio, contatos e alianças entre novos cineastas, produtores, roteiristas. A última edição, realizada em novembro de 2020, superou as barreiras da pandemia, conseguindo que a maioria dos autores pudessem participar presencialmente. Marina Marroquín (Espanha), Enrique Pérez (Panamá), María Rondón (Venezuela) e Marité Ugás (Peru) contam sua experiência na área de formação.

Para onde avança o cinema ibero-americano?

Hoje, como há 20 anos, a grande matéria pendente continua sendo a distribuição e a comercialização. “Temos um cinema admirável. Produzimos muito bons filmes, mas temos que conseguir que se vejam mais”, reflete Vilardell com uma visão rumo ao que será o grande objetivo do Programa nos próximos anos.

Ao final do diálogo com o Portal Somos Ibero-América Vilardell faz um convite aos cineastas ibero-americanos.

“Conheçam o Ibermédia, que foi e seguirá sendo uma casa de onde saíram cineastas que hoje são ícones da nossa região. Descubram que, ainda nestes tempos difíceis, se quisermos, podemos”.